Are Portuguese and Brazilian the same language?

Rui   Thu May 15, 2008 2:25 pm GMT
Só engrossa quem sabe que não tem razão.

Toda a gente sabe que existem pequenas diferenças na colocação dos elementos na frase, daí existerem as normas bras. e europeia da língua. Mas a mecânica da língua, as regras da gramática, são as mesmas.

Quer escrevas "chamo-me" ou "me chamo", é a mesma língua, a mesma regra, só há inversão do pronome. Está claro, ou queres que faça um desenho?

Aliás, quem não sabe nada de Portugal és tu. Aqui também ninguém fala tal e qual manda a gramática, só é suposto respeitar-se a regra formal ao escrever. Aliás é uma característica da língua portuguesa, em ambos os lados so Atlântico: as formas faladas são muito livres em relação à forma escrita.
Guest   Thu May 15, 2008 5:49 pm GMT
Brazil: Eu vou contar para vocês.
Portugal: Vou-vos contar. or Vou contar-vos. or Contar-vos-ei.

Brazil: Quem você conhece?
Portugal: Quem conhece você?

Brazil: Quem conhece você?
Portugal: Quem o conhece?

Brazil: Eu amo vocês.
Portugal: Amo-vos.

Brazil: Entre eu e você.
Portugal: Entre mim e si. or Entre mim e ti.

Brazil: Eu tenho certeza.
Portugal: Tenho a certeza.

Brazil: Chegar EM casa.
Portugal: Chegar A casa.

Brazil: Participar DE
Portugal: Participar EM

Brazil: Eu não vou te falar isso.
Portugal: Não te vou dizer isto.

Brazil: Isso aqui.
Portugal: Isto aqui.

Brazil: Eu estou te falando.
Portugal: Estou-te a falar. or Estou a falar-te.

Brazil: Eu não estou te falando.
Portugal: Não te estou a falar. or Não estou a falar-te.

Brazil: Te ver e não te querer...
Portugal: Ver-te e não querer-te or Ver-te e não te querer...

Brazil: Para vê-los.
Portugal: Para os ver.
Vilella   Thu May 15, 2008 6:01 pm GMT
Clitic-placement in the history of Brazilian Portuguese: a case of three-grammar competition

http://www2.units.it/digs9/pdf/carneiro&galves.pdf



AS INTERROGATIVAS Q DO PORTUGUÊS
EUROPEU E DO PORTUGUÊS BRASILEIRO ATUAIS
http://www.abralin.org/revista/RV4N1_2/RV4N1_2_art6.pdf
zatsu   Thu May 15, 2008 8:07 pm GMT
^oh, I was wondering how this sort of thing hadn't come up yet...
Some are really laughable:

<<Brazil: Quem você conhece?
Portugal: Quem conhece você?

Brazil: Quem conhece você?
Portugal: Quem o conhece?

Brazil: Entre eu e você.
Portugal: Entre mim e si. or Entre mim e ti.

Brazil: Eu estou te falando.
Portugal: Estou-te a falar. or Estou a falar-te.

Brazil: Eu não estou te falando.
Portugal: Não te estou a falar. or Não estou a falar-te. >>

Lol, what is this??
Please avoid posting this sort of thing, specially in such a "scientific" manner, like you actually know anything about it or it's true.
zatsu   Thu May 15, 2008 8:17 pm GMT
<<Even myself and my friends from upper classes speak Brazilian way, we don't use Portuguese grammar: ''Chamo-me, Amo-te, Chego a casa, vou lá a casa'' no one speaks like this, it's always: Eu me chamo, Te amo (or Amo você), Chego EM casa, eu vou lá EM casa''. >>

Well, you upper class people can talk like that, but remember accentuation class in school?
"Quem vai, vai "a" algum lugar, não "em".
Você vai "ao" Rio, "a" São Paulo ou "à" praia, não "na" praia".

Eu vou "em" seu lugar is an exception because it's an expression and not a place, place.
zatsu   Fri May 16, 2008 3:27 am GMT
<<Where are these vowels when people speak? Can you give some examples?
I remember the first time I hear "please". It's something like "sachavôr" (Se faz favor)?. I don't know about other vowels but "e" among certain consonants just disappears like "percebes" (prcebs), "diferente" (difrente)... >>

Hi J.C., thanks for asking!

The semi-open (not sure what to call it) "a" and "e" are two sounds not used in Brazil, at least from what I know.
They're present in the examples you mentioned:

"sE faz fAvor"
"pErcebes"
"difErentE"
"elE"
"elA"
"fEchar"
"tElEfonE"

I don't really know how to explain, but think it's similar to the "e" sound in livE or livEd. When it stands alone is spoken like in Brazil, i.

In EP there's a difference between "a" and "à" sounds. The first is the semi-open sound.
zatsu   Fri May 16, 2008 5:35 am GMT
<<If this was the language taken to Brazil (Theoretically), don't you think that due to PE having taken another route and developed differently from PB there's the possibility that PB is closer to Galician? At least that can be true about the "carioca" dialect because the imperial family came to Rio de Janeiro in 1808. >>

Well, I'm not sure I get your question. In my view, Portuguese started to diverge from Galician then, and it was a single entity until very "recently"; just very recently was the divergence between BP and EP brought up.
BP is not closer to Galician.
Maybe you understand Galician better because, like Spanish, it has more open vowels.

Since some people keep arguing about the clitic and pronoun usage in BP and we're discussing about the Portuguese in the XIX century, I thought of posting a couple of paragraphs of "O Cortiço", by Aluísio de Azevedo, 1890.
(of course, these are from a Brazilian copy of my schooldays^^)


page 131
"Ao cair da noite, Jerônimo foi, como ficara combinado, à venda do Pepé. Os outros dois já lá estavam. Infelizmente, havia mais alguém na tasca. Tomaram juntos, pelo mesmo copo, um martelo de parati e conversaram em voz surda numa conspiração sombria em que as suas barbas roçavam umas com as outras.
-Os paus onde estão?... - perguntou o cavouqueiro.
- Ali, junto às pipas... - segredou o Pataca, apontando com disfarce para uma esteira velha e enrolada. - Preparei-os ainda há pouco. Não os quis muito grandes... Deste tamanho.
E abriu a mão contra a terrano lugar do peito.
-Estiveram de molho até agora... - acrescentou, piscando o olho.
-Bom! - aprovou Jerônimo, esgotando o copo com o último gole. - Agora aonde vamos nós? Parece-me ainda cedo para o Garnisé.
-Ainda! - confirmou o Pataca. - Deixemo-nos ficar por aqui mais um pouco e ao depois então seguiremos. Eu entro no botequim e vocês me esperam fora do lugar que marcamos... Se o cabra não estiver lá, volto logo a dizer-lhes, e, caso esteja, fico... chego-me para ele, procuro entrar em conversa, puxo discussão e afinal desafio-o pra rua; ele cai na esparrela, e então vocês dois surgem e metem-se na dança, como quem não quer a coisa! Que acham?"
zatsu   Fri May 16, 2008 5:36 am GMT
<<Do you really think that African Portuguese, specially Angola is closer to PE? That may be true in the written form but the reason why I understood the youtube with Angolans speaking must be because most slaves who went to Brazil came from Angola, Moçambique and Benin. The resemblance isn't only racial.>>

Wasn't I who firstmentioned that resemblance?
Is not exactly that they're closer to EP, but they aim to be, both in written and spoken forms.
Still, their accent and way of speaking is closer to EP than PB is.


<<You're making the same mistake some made before by mixing "spoken" and "written" language because Brazil is a HUGE country and there's no standard for spoken language, even though Rio de Janeiro Portuguese was a candidate for that last century. If you can prove me that written PE is superior to PB I'll stop debating. Until now I've only seen biases debates and no argument with the exception of "Brazilians I've met" and that kind of argument. Also, the examples I've seen reflect only the spoken language and I don't even know from which region in Brazil. >>

I'm not really saying there's a superior version. But the thing about PB (and you can judge that by the text I posted above), is that its spoken and written forms are getting more similar.

In that sense, the clitics are being dropped and also the use of the subjunctive and other grammar features. I'm not saying these aren't taught or that they were eliminated, but yeah...
Adding the sounds difference, PB is getting less complex than EP.

(When I mentioned Brazilian orthography I wasn't talking about the language written form per se, but about the spelling of some words such as ação/ acção, ótimo/óptimo, úmido/ húmido, etc.)



<<Só engrossa quem sabe que não tem razão. >>

Lol, acho que nunca ouvi essa antes !
Guest   Fri May 16, 2008 5:37 am GMT
All forms of Portuguese suck.
zatsu   Fri May 16, 2008 5:44 am GMT
^"I'm not really saying there's a superior version. But the thing about PB (and you can judge that by the text I posted above), is that its spoken and written forms are getting more similar. "

I mean they are getting more similar with another, nowadays, if that wasn't clear....


PS
In case you're interested in literature of the XVI century, Os Lusíadas by Camões belongs to that time
http://purl.pt/1/3/

and also Fernão de Oliveira who wrote like the first Portuguese grammar
http://purl.pt/369/1/ficha-obra-gramatica.html

Those scans are not very readable, but maybe you can manage^^
Guest   Fri May 16, 2008 6:22 am GMT
"Quem vai, vai "a" algum lugar, não "em".

Eu aprendi na escola, QUEM VAI VAI PARA ALGUM LUGAR.
So, shut up. And here in Vitória it's normal to use EM with verbs of movement, as in CHEGAR EM CASA
so shut up
you don't know nothing, zip, nada about actual linguistic usage
Vilella   Fri May 16, 2008 6:24 am GMT
http://www.filologia.org.br/anais/anais%20III%20CNLF%2062.html


Peculiaridades sintáticas da língua portuguesa falada no Brasil neste século

Evandro Eduardo Franklin Braga - (UERJ)





Este pequeno estudo tem como finalidade listar as peculiaridades sintáticas relevantes do português falado no Brasil neste século, bem como registrar o ingresso e permanência de algumas dessas peculiaridades na literatura e na escrita culta atual.

Inicialmente, é preciso lembrar que a estrutura de uma língua reside principalmente na sintaxe. É nessa parte da gramática que se encontram os maiores impasses e objeções no que diz respeito à aceitação das diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal.

Passemos, então, a documentar as referidas peculiaridades:



1 - Colocação pronominal livre: Me disseram, Poderia se sentar



Lê-se em João Ribeiro (1979, pp.52-3):



O brasileiro diz comumente:

- Me diga... me faça o favor...

É esse um modo de dizer de grande suavidade e doçura ao passo que o ‘diga-me’ e o “faça-me” são duros e imperativos.

O modo brasileiro é um pedido; o modo português é uma ordem.

Em “me diga” pede-se: em “diga-me” ordena-se. Assim, pois, somos inimigos da ênfase e mais inclinados às intimidades.



Desenvolvendo as observações de João Ribeiro, Cândido Jucá (pp.403-4), em sua Gramática histórica do português contemporâneo, faz as seguintes considerações:



Conhecendo somente a ênclise, é impossível aos portugueses começar a frase por um pronome pessoal atônico.

[...]

Se se trata de simples aviso, escrevemos: Aluga-se esta casa; se queremos prescrever, sentenciamos: Cumpra-se a lei; caso queiramos dar ordem, assim falamos: Ponha-se daqui para fora; para uma intimação violenta diremos: Passe-me os papéis.

Mas rogamos assim: Lhe diga, meu bem, onde está o dinheiro.



Em nossa literatura, podemos encontrar exemplos de colocação pronominal livre:



(1) “Guma pulou da cama, ainda não tinha se despido completamente. Se atirou porta afora [...] (Jorge amado, Mar morto, 45ª ed., Rio de Janeiro, Record, 1978, p.146)

(2) “Te beijo no cangote/ e quieta penso: [...]” (Marina Colasanti, Rota de colisão, Rio de Janeiro, Rocco, 1993, p.32)



2 - A preposição em com verbos de movimento: Cheguei na estação, Voltou na praia

Para Luiz Carlos LESSA (1976, p.81), o uso da preposição em com verbos de movimento é “sintaxe caracteristicamente brasileira, pouco importando que também a tenham usado em Portugal, há quatrocentos anos atrás.”



A construção em apreço é encontradiça nas literaturas modernista e contemporânea.



(3) “Quando Macunaíma voltou na praia se percebia que brigara muito lá no fundo.” (Mário de Andrade, Macunaíma, 23ª ed., Belo horizonte, Itatiaia, 1986, p.130)

(4) “Ontem, quando cheguei em casa, os canários estavam mortos, as tripas de fora.” (Carlos Heitor Cony, O ventre, 2ª ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1965, p.166)



3 - O pronome reto em função objetiva: Vi ele, João fez ela entrar no quarto



Referindo-se ao fato sintático supradito, nos seus Dispersos, Mattoso Câmara (1972, pp.47-8), primeiramente alerta-nos: “O ensino escolar o condena [...].” Depois argumenta: “É, todavia, traço geral típico do português oral de todos os níveis sociais no Brasil; só o evitamos em certas situações nas quais aquele que fala sente toda sua responsabilidade de homem instruído e, mesmo assim, ele não chega sempre a eliminá-lo de todo.”



Nos textos literários sobejam exemplos desse fato sintático:



(5) “Dois anos no presídio, no meio dos criminosos, com o mar imenso cercando eles de todos os lados.” (José Lins do Rego, Usina, 6ª ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1967, p.3)

(6) “Amália: É o cancioneiro pátrio, é o Tabuleiro da Baiana, Os Quindins de Iaiá, a Lata de Leite, a Receita de Vatapá, o Doce de Coco, é o matar a fome erigido em cúpula da consumação amorosa, a velha cópula também conhecida como foda, exempli gratia, vou comer ela, papei ela todinha, [...]” (Antonio Callado, Reflexos do baile, 3ª ed., Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977, p.28)



4 - O verbo ter empregado pelo impessoal haver: Tem pai que vale por dois, Você gosta de promoção? Aqui tem várias.



O emprego impessoal do verbo ter com sentido existencial, segundo Luiz Carlos Lessa (1976, p.83), é “uma sintaxe raríssima em Portugal”.



Clóvis MONTEIRO (1959, p.140), em seu Português da Europa e português da América, cita um escritor nortista, Bia Mendes, já falecido, que resolveu mostrar que as particularidades gramaticais do português do Brasil não eram mais que reminiscências do falar indígena. Bias refere-se, em primeiro lugar, ao caso do verbo ter como impessoal. No seu entender, expressões como tem homens são meras traduções literais de frases do tupi, como orecô apgauaitá. Para Clóvis Monteiro, tal hipótese é descabida.



Alerta-nos Sílvio ELIA (1976, p.84): “O hábito é pan-brasileiro e se encontra arraigado tanto na linguagem popular, quanto na familiar.”



Celso CUNHA (1985, p.127), em sua Nova gramática do português contemporâneo, diz que “o uso de ter impessoal deve estender-se ao português das nações africanas.”



A seguir, dois exemplos do fato sintático sobredito presentes em nossa literatura:



(7) “No meio do caminho tinha uma pedra” (Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, Rio de Janeiro, Record, 1999, p.34)

(8) “-Tem coisa na história dessa mulher - insistiu Serpa [...]” (Fernando Sabino, Martini seco, 5ª ed., São Paulo, Ática, 1991, p.19)



5 - Emprego da preposição em, ao invés de a, exprimindo proximidade: Sentou na mesa para jantar, Ele estava na janela



Segundo Luiz Carlos Lessa (1976, p.87), “[...] a preposição em denotando contigüidade, proximidade, é de tal forma freqüente no português americano, que, conforme nos lembra Nascentes em O Linguajar Carioca, Camilo Castelo Branco a empregou quando quis imitar a fala de um brasileiro, fazendo-o dizer que alguém estava na janela, ao invés de à janela.”



Na literatura, podemos encontrar exemplos desse fato sintático:



(9) “Os moleques [...] ficaram na porta impacientes [...] (Aníbal Machado, O piano in: A morte da porta estandarte e outras histórias, Rio de Janeiro, José Olympio, 1965, p.191)

(10) “Existiam outras pessoas na mesa mas eu não tinha coragem de olhá-las.” (Rubem Fonseca, A coleira do cão, São Paulo, Círculo do Livro, p.149)



6 - Construção gerundial em vez de infinitivo e preposição a: Estar estudando, Vinha chegando



Os brasileiros empregam mais o gerúndio do que o infinitivo, de acordo com os tipos clássico e arcaico.

Em Portugal, segundo Francisco da SILVEIRA BUENO (1958, p.308), existem as correspondentes: Estar a estudar, Vinha a chegar.



Vejamos dois exemplos da referida construção, um encontrado na literatura modernista, e o outro, na literatura hodierna:



(11) “Quando foi de-noite eles estavam dormindo num banco do Flamengo quando chegou uma assombração medonha.” (Mário de Andrade, Macunaíma, 23ª ed., Belo Horizonte, Itatiaia, 1986, p.57)

(12) “Minha paralisia acabou e, animado pela mudança da voz, eu disse: ‘Estava dando uma olhada lá e achei ele num canto; é da senhora?’” (Luiz Vilela, O violino in: O violino e outros contos, 3ª ed., São Paulo, ática, 1993, p.13)

7 - Construção comparativa ao verbo preferir: Prefiro mais vinho do que conhaque



Em Portugal, teríamos a correspondente: Prefiro vinho a conhaque.

“Todos fazem acompanhar preferir de mais ou de antes: prefiro antes de morrer do que fazer isso.” - diz-nos Francisco da SILVEIRA BUENO (p.308).



Em sua obra Sobre a norma literária do Modernismo, Raimundo BARBADINHO NETO (1977, p.52) afirma que



A gramática, debruçando-se tão-somente sobre a etimologia do verbo, mas sem atentar para o benefício semântico que os advérbios com este verbo. Há uma maior participação do indivíduo que fala, ao enunciar que “prefere antes” ou que “prefere mais” uma coisa entre duas à sua escolha. Quem simplesmente anuncia que “prefere uma coisa a outra”, numa como aceitação passiva, pouco se lhe importa que os acontecimentos se realizem ao revés de sua preferência.



8 - Uma única regência para o verbo assistir: Assisti o filme, A doutora assistiu o paciente



Alerta-nos Francisco da Silveira Bueno (1958, p.308): “As duas regências do verbo assistir: assistir a (estar presente, tomar parte em) e assistir o (prestar socorros) estão reduzidos a esta última apenas: F. assistiu o jogo, o médico assistiu o doente.”



A seguir, dois exemplos da referida construção encontrados na literatura modernista:



(13) “[Ricardo] assistia o gado sair para o pastoreador [...]” (José Lins do Rego, O moleque Ricardo, 7ª ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1966, p.189)

(14) “O jeito que [a maioria desses nazistas] têm é [...] assistirem a volta triunfante dos pracinhas vivos.” (Rachel de Queiroz, A donzela e a moura torta, Rio de Janeiro, José Olympio, 1948, p.162)



9 - A ordem completamente direta: Um semeador saiu para semear, Nesta oficina se fazem consertos



Em Portugal, segundo Francisco da Silveira Bueno (1958, p.308), teríamos as equivalentes: Saiu um semeador a semear, Fazem-se consertos nesta oficina.



Para Serafim da Silva NETO (1963, p.243), “é outro o boleio da frase, a construção mais direta, a inversão menos freqüente”.



Em nossa literatura, é fácil encontrar abono para o fato sintático em apreço:



(15) “O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações.” (Graciliano Ramos, Vidas Secas, 30ª ed., São Paulo, Martins, 1972, p.153)

(16) “Os relógios vicejavam estrelados em suas corolas de cor.” (Ferreira Gullar, Crime na flora, Rio de Janeiro, José Olympio, 1986, p.46)

Algumas das referidas peculiaridades tendem a entrar nos textos escritos contemporâneos de nível culto.

Eis alguns exemplos que comprovam tal afirmação:



(17) “Ao chegar na porta da casa, Rubens viu o motorista Bonifácio com o capitão Cláudio Vasconcelos e mais dois homens.” (Jornal do Brasil, 18 abr. 1999, p.28)

(18) “[...] 200 pessoas que estiveram no estádio ficaram animadas. Teve até queima de fogos ao final do coletivo.” (Extra, 19 jun. 1999, p.3)

(19) “[...] o apoiador rubro-negro, que reviu todos os 39 gols do time no Carioca na fita que o extra venderá amanhã [...], e se emocionou ao assistir novamente o golaço.” (Extra, 26 jun. 1999, p.1)

(20) “Scheila Carvalho namorou um rapaz que preferia tomar chope e jogar futebol com os amigos do que ficar com ela.” (Manchete, 26 jun.1999, p.10)



Pelo fato de existirem outras construções sintáticas brasileiras, ampliaremos este trabalho em breve.



À guisa de conclusão, transcrevemos um pensamento de Serafim da Silva Neto (1963, p.265): “O essencial é que os professores [...] não esmoreçam no bom combate. Não no combate cego e desatinado, preso à servil imitação d’antanho, surdo às realidades da evolução - mas no combate bem orientado, que leva em conta os fatos da língua (o grifo é nosso) e não esquece a distinção entre a língua escrita, que é escolha e disciplina, e as línguas faladas, livres ao sabor das paixões.”





Referências bibliográficas



AMADO, Jorge. Mar morto. 45ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1978.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Record,

1999.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma. 23ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986.

BARBADINHO Neto, Raimundo. Sobre a norma literária do Modernismo. Rio de

Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977.

CALLADO, Antonio. Reflexos do baile. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

CÂMARA Júnior, J. Matoso. Dispersos. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,

1972.

COLASANTI, Marina. Rota de colisão. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.

CONY, Carlos Heitor. O ventre. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.

CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo.

2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

ELIA, Sílvio. Ensaios de filologia e lingüística. 3ª ed. Rio de Janeiro: Grifo, 1976.

FONSECA, Rubem. A coleira do cão. São Paulo: Círculo do Livro.

GULLAR, Ferreira. Crime na flora. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.

JUCÁ Filho, Cândido. Gramática histórica do português contemporâneo. Rio: Epasa.

LESSA, Luiz C. O modernismo brasileiro e a língua portuguesa. Rio de Janeiro:

Grifo, 1976.

MACHADO, Aníbal. A morte da porta estandarte e outras histórias. Rio de Janeiro:

José Olympio, 1965.

MONTEIRO, Clóvis. Português da Europa e português da América. 3ª ed. Rio de

Janeiro: Acadêmica, 1959.

QUEIROZ, Rachel de. A donzela e a moura morta. Rio de Janeiro: José Olympio,

1948.

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 30ª ed. São Paulo: Martins, 1972.

REGO, José Lins do. O moleque Ricardo. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1938.

_____ . Usina. 6ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.

RIBEIRO, João. A língua nacional e outros estudos lingüísticos. Petrópolis: Vozes;

Aracaju: Governo do Estado de Sergipe, 1979.

SABINO, Fernando. Martini seco. 5ª ed. São Paulo: ática, 1991.

SILVA Neto, Serafim da. Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil. 2ª ed.

Rio de Janeiro: INL/MEC, 1963.

SILVEIRA BUENO, Francisco da. A formação histórica da língua portuguesa. 2ª ed.

Rio de Janeiro: Acadêmica, 1958.

VILELA, Luiz. O violino e outros contos. 3ª ed. São Paulo, Ática, 1993.
Guest   Fri May 16, 2008 7:05 am GMT
Dumb discussion. In Portugal this, in Brazil that. We only talk about what comes in the books. How people really speak is something different.
People have different accents from town to town, from region to region, and differnt vocabulary, how amazing!!. School students speak a different language, oh my God! They speak so different from grown ups! There is a junior portuguese language...and the world needs to know, how amazing. The funny thing is it happens on both countries. What an amazing language. Even babies speak differently and cry with different accents.

Read this nonsense:


"O brasileiro diz comumente:

- Me diga... me faça o favor...

É esse um modo de dizer de grande suavidade e doçura ao passo que o ‘diga-me’ e o “faça-me” são duros e imperativos.

O modo brasileiro é um pedido; o modo português é uma ordem. "

Travel .... it does you good!
Guest   Fri May 16, 2008 7:10 am GMT
Brazil: Eu tenho certeza.
Portugal: Tenho a certeza.

ha, ha, ha, the level of knowledge...... is hilariating.

Great examples, ha, ha!
Guest   Fri May 16, 2008 12:05 pm GMT
Tenho a certeza is very weird just like ''being in hospital'' (UK) instead of ''being in the hospital'' (US), the other variant sounds just plain wrong, so many teachers would mark it as incorrect.