Há pouco mais de uma semana, o jogador Ronaldo Nazário, o Ronaldo “fenômeno”, do Real Madrid e da seleção brasileira, ao fazer um comentário sobre a discriminação racial nos estádios de futebol, lançou uma inacreditável “pérola”: “Acho que todos os negros sofrem (com o racismo). Eu, que sou branco, sofro com tamanha ignorância”.
O absurdo da frase foi alvo de comentários irônicos em toda parte. Mas, na verdade, a história toda só seria realmente cômica se não fosse expressão de uma verdadeira tragédia: a dificuldade que negros e negras têm em assumir sua negritude. Uma dificuldade que muito tem a ver com a história deste país.
Apenas para citar um exemplo “histórico”, basta lembrar o resultado do censo de 1980, quando depois de anos nos quais o item raça/cor era excluído da pesquisa pela ditadura, cerca de 50% da população respondeu à questão com 136 “cores” diferentes.
O absurdo arco-íris incluía coisas como “acastanhada”, “alva escura”, “branca morena”, “morena bem chegada”, “pouco clara” ou “puxa para branca”. Auto-definições que, como constatou o livro “Retrato do Brasil”, de 1985, demonstram que “o brasileiro foge da sua verdade étnica, procurando, através de simbolismos de fuga, situar-se o mais próximo possível do modelo tido como superior”, ou seja, o branco.
O absurdo da frase foi alvo de comentários irônicos em toda parte. Mas, na verdade, a história toda só seria realmente cômica se não fosse expressão de uma verdadeira tragédia: a dificuldade que negros e negras têm em assumir sua negritude. Uma dificuldade que muito tem a ver com a história deste país.
Apenas para citar um exemplo “histórico”, basta lembrar o resultado do censo de 1980, quando depois de anos nos quais o item raça/cor era excluído da pesquisa pela ditadura, cerca de 50% da população respondeu à questão com 136 “cores” diferentes.
O absurdo arco-íris incluía coisas como “acastanhada”, “alva escura”, “branca morena”, “morena bem chegada”, “pouco clara” ou “puxa para branca”. Auto-definições que, como constatou o livro “Retrato do Brasil”, de 1985, demonstram que “o brasileiro foge da sua verdade étnica, procurando, através de simbolismos de fuga, situar-se o mais próximo possível do modelo tido como superior”, ou seja, o branco.