Latin America: Portuguese or Spanish?

Convidado   Thu Jan 14, 2010 11:54 pm GMT
Penetra,

Nota bem que aos hispânicos e esquerdistas eu attribuí tão-somente a crença na unidade continental, e não o uso da expressão 'América Latina', este malfadado termo que, como bem se sabe, foi uma invenção da política externa francesa e não da Komintern. Aliás, mesmo os bons communistas do Brazil, como o saudoso Caio Prado Jr., já allertavam aos seus companheiros de subversão que fora um erro estratégico da Komintern estabelecer uma mesma táctica para todos os países da tal América Latina: tendo o Brazil história, cultura e economia, ou, no linguajar marxista, a infra e superestrura, as condições subjetivas e objetivas completamente differentes daquellas dos seus vizinhos hispânicos, cabia-lhe também uma táctica revolucionária distincta. Elles attribuíam o, para sorte nossa!, fracasso da revolução brazileira justamente à ignorância dos estrategas russos, que desconheciam ser o Brazil um país à parte, e à obediência cega dos communistas brazileiros a Moscou, os quaes em vez de conhecer o próprio país, limitavam-se a ler as cartilhas escriptas, em castelhano!, pelo estrangeiro. Se era assim naquelle tempo, que dizer então destes que nos gobernam agora! Adestrados em Cuba e em tudo subservientes ao castelhano, como bem o prova a humilhação constante do Brazil nos últimos annos, isso tudo em nome da unidade continental (que será sempre, não se engannar!, unaSUR e nunca unaSUL)!
loooling Joao   Fri Jan 15, 2010 1:47 am GMT
Penetra, você tem razao. Eu é que entendi mal essa comparação. Claro que há mais proximidade cultural entre brasileiros e os outros latino-americanos do que entre brasileiros e norte-americanos/canadenses.

Mesmo assim há várias diferenças, mesmo entre os vários países latino-americanos.
O Brasil tem uma forte cultura afro, que não se encontra por exemplo no Peru ou na Bolivia.
looling Joao   Fri Jan 15, 2010 2:06 am GMT
Convidado, não tenho nada contra os hispano-falantes. Por outro lado, ainda bem que o Brasil não se tornou comunista.
Sobre o que disse, ouvi falar vagamente de uma guerrilha comunista no Brasil que não conseguiu ir a lado nenhum, e ouvi falar tambem que em Portugal os comunistas portugueses ressentiam-se do facto da antiga União Soviética não os reconhecer no inicio (achavam que Portugal era uma mera região de Espanha). Isso foi na primeira parte do século XX. Li isso num jornal.

O que eu acho interessante nisto é que para os lados do leste da Europa, Portugal era completamente desconhecido como país, e acreditava-se que o Brasil falava espanhol. Essa situação mudou muito. A chegada de imigrantes do leste a Portugal e a chegada de turistas tornou Portugal muito mais conhecido. Há pessoas no leste a aprenderem português hoje em dia.
Sobre o Brasil, este é muitas vezes visto como o país míitico do samba e da bossa-nova que qualquer um adoraria visitar um dia. Há muitos fãs de samba, bossa-nova e de capoeira nos países do leste. As telenovelas (goste-se ou não) sempre foram emitidas nos países do leste.
Estive em vários desses países. Na Bulgaria onde estive duas vezes, ouvi musica brasileira em vários sitios. Havia até um festival de música brasileira em Varna, na costa do Mar Negro.
Na Polónia há muitas pessoas a aprenderem capoeira.
Kess   Fri Jan 15, 2010 2:02 pm GMT
O Brasil fala brasileiro, ou ''brezilair'' na língua lusitana.
Blue Tier   Fri Jan 15, 2010 2:28 pm GMT
Probably, in 10-15 years English economy=20 trillion=French economy=chinese economy. French=1 trillion.
Franco   Fri Jan 15, 2010 3:36 pm GMT
the only French speaking country that has some importance from the economic point of view is France. Also there are francophone provinces and cities in multilingual countries that have high GDP per capita like Quebec , Wallonia and Geneva, but these combined have less weight economically than let's say Mexico+Spain+South Cone. France alone plus these small provinces will never be able to compete against continental countries like China, the Anglosphere and Hispanic America.
Jacyra   Fri Jan 15, 2010 7:11 pm GMT
Nosso futuro é a América Latina: Chile, Uruguai, Argentina, e não Portugal e a União Européia.
Penetra   Sat Jan 16, 2010 12:25 pm GMT
Convidado, João,

Já vi várias pessoas, em várias situações, tentarem negar a semelhança e o laço entre Brasil e o resto da América Latina. Em papo de botequim, atribuo isso a um excesso de seriado dublado na infância e à idenficação com os personagens da tela. Brasil e América Latina estão ligados porque já nasceram ligados na península Ibérica. Se não fosse o "acidente" da autonomia portuguesa, ou o "acidente" da união de Castela e Leão, talvez tivéssemos hoje uma Ibéria poiticamente unificada numa situação semelhante a de Itália ou Alemanha, com seus falares e costumes locais distintos, mas unida por uma mesma "ibericidade".

Afinal, ninguém nega a unidade italiana, certo? Bom, talvez o pessoal da Lega Nord o faça.
Convidado   Sat Jan 16, 2010 6:13 pm GMT
João,

Aqui os comunistas tentaram um golpe em 1935 e depois nos anos 60/70 tivemos aí por uma dúzia de grupos terroristas a explodir bombas, assaltar bancos, assassinar e seqüestrar pessoas. Nunca tiveram apoio popular. Não sabia que Portugal era tão desconhecido na Europa Oriental, curioso que outros países pequenos como Holanda, Bélgica e Dinamarca não sejam tão desconhecidos. No mínimo deveriam conhecer Portugal como a primeira e última potência colonial européia.

Penetra,

As coisas não tendo mudado, acho que o único seriado estrangeiro popular no Brasil é justamente o Chavo del Ocho. Os enlatados ianques nada têm de popular, são apenas consumidos por uma faixa da classe média já bastante aculturada. Aliás, é curioso que tenhas mencionado seriados dublados, porque a imagem do Brasil na cultura pop ianque é justamente a de um país hispânico (já bem sabes que a nossa capital é Buenos Aires...). Um excesso de enlatados estrangeiros apenas reforçaria a noção de que o Brasil não é nada mais do que um país "latino", e no entanto nunca conheci um sequer desses consumidores de cultura ianque que não resmungasse quando em um filme ou série ianque o Brasil fosse confundido com um país hispânico, ou que ficasse contente em ser confundido com um "latino", ou que não considerasse grande ignorância confundir português com castelhano.

O sentimento de distância que a imensa maioria dos brasileiros sente em relação à América Espanhola não advém de uma aculturação. Eu diria que é justamente o contrário, são os mais legítimos conhecedores da nossa cultura os que insistem na grandeza das diferenças.

Falando com base apenas na minha experiência pessoal, por uma lado o brasileiro comum, de pouquíssima educação, é completamente indiferente ao mundo hispânico, que lhe é algo tão distante quanto a Europa, África ou Ásia. A ele, por puro preconceito, não lhe agrada em nada ser confundido com "aquele bando" de paraguaios, bolivianos, mexicanos, argentinos, bem como não lhe agrada "aquela língua esquisita" que essa gente fala.

Por outro lado, os que cultivam a nossa tradição literária, musical, arquitetônica, folclórica, lingüística e historiográfica, esses têm motivos de sobra para se considerarem fundamentalmente diferentes do castelhano, já que apenas ocasionalmente o nosso cânone cultural se cruza com o deles. Da nossa literatura o castelhano só conhece o Gil Vicente, que também escrevia naquela língua, mas por acaso lêem eles lá o Sá de Miranda, o Camões, Fernão Mendes Pinto, Gregório de Matos, Padre Vieira, Bocage, Basílio da Gama, Almeida Garrett, Camilo, Gonçalves Dias, Castro Alves, Joaquim Manuel de Macedo, Eça, Aluísio Azevedo, Machado, Euclides da Cunha, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Lima Barreto? Escutam Lobo de Mesquita, Padre José Maurício, Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos, Ernani Braga? Estudam João de Barros, Capistrano de Abreu, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Caio Prado Jr.? E o inverso, quantos brasileiros educados são capazes de nomear algum escritor, historiador, sociólogo, compositor castelhano?

Sobre a ibericidade, olhe para o catalão e o galego, que já foram línguas de cultura, e diga o quanto lhes aproveitou a ibericidade... Essa tal de ibericidade cheira um pouco a espanholidade, não? Olhe para o provençal e o occitano, também outrora línguas de cultura, e veja o quanto lhes aproveitou a galicidade. O siciliano também era uma língua de cultura, e hoje por "literatura siciliana" se entende os autores sicilianos que escreveram em... italiano. Parece-me claro que o Português só manteve uma tradição literária ininterrupta de cerca de 800 anos porque os portugueses (e brasileiros) nunca aceitaram domínio estrangeiro e por mais de uma vez tiveram que recorrer às armas para expulsar o agressor estrangeiro. Não foi apelando a um hipotético sentimento de ibericidade que brasileiros e portugueses mantiveram a sua independência e território. Já sabemos muito bem o que ocorreria se fôssemos confiar na amizade e respeito do castelhano.

O nosso universo simbólico, nossos mitos nacionais e memórias coletivas são muito distintos. O nosso país nasceu como um império continental voltado para o Atlântico, os deles como uma miríade de pequenas repúblicas em disputa umas com as outras (exceção, novamente!, para o México que também nasceu e império e de tamanho continental). Claro que temos semelhanças com eles, do mesmo modo como temos semelhanças com todo os povos do sul da Europa que são católicos e falam línguas românicas. E temos semelhanças com todos os povos europeus de cultura cristã germânico-romana. Mas sempre nós aqui no nosso lado e eles lá no lado deles.
Convidado   Sat Jan 16, 2010 6:23 pm GMT
<< Nosso futuro é a América Latina: Chile, Uruguai, Argentina, e não Portugal e a União Européia. >>

Claro, claro. Construímos a infraestrutura para os bolivianos nos venderem gás e... no-la roubam e nos fazem ter que importar gás de fora do subcontinente. Damos de presente metade de Itaipu para os paraguaios e... temos que realizar o maior exercício militar de toda a América para mostrar aos hermanísimos que não estamos dispostos a lhes dar a outra metade. Os argentinos são tão ansiosos para cooperar conosco que à menor dificuldade interna impõem a nossos empresários todo tipo de barreira comercial, preferindo comprar aos chineses do que a brasileiros. Sim, a América do Sul apresenta mesmo um futuro radiante.
Franco   Sat Jan 16, 2010 6:34 pm GMT
So what is the future of Brazil, trading with Portugal?
DasGesunde   Sat Jan 16, 2010 7:10 pm GMT
no-la roubam

o que eh NOLA?
Se fala assim aí em Portugau?
Sabia naum
Convidado   Sat Jan 16, 2010 7:15 pm GMT
Franco,

Trading with everyone. That's one of the few things the present government got right, they've been going around trying to sell our stuff to everyone, even the so-called "rogue" states like Iran. But the point here has not been about trade and business, it has been about international friendship, cultural and political affiliation. We can trade with Hispanic America just like we trade with the US, France, Germany, Japan, Italy, and everyone else (of our top 10 trading partners, only 3 are Spanish-speaking: Argentina, Chile and Mexico). What I'm up against is the dissolution of our cultural identity and political autonomy into a fictitious "latino" culture and a monstrous "latino" political entity.
Convidado   Sat Jan 16, 2010 7:26 pm GMT
<< no-la roubam

o que eh NOLA?
Se fala assim aí em Portugau?
Sabia naum >>

Tu não fôssi pra scola, né? Purquê nós brasilêru qui fômu pra scola aprendêmu a screvê portuguêis direitínhu. Falá, a gênti não fala portuguêis, nós falâmu u bom e vélhu dialétu brasilêru, ma screvê a gênti scrévi im portuguêis. Mais tu não si avéxi, hôji im dia num é vergônha nenhuma i prum cúrsu de alfabetização di adúltus. Ti aconsêlhu a studá, qui si não fica difíciu arranjá mprêgu qui págui bem.
Franco   Sat Jan 16, 2010 7:31 pm GMT
What I'm up against is the dissolution of our cultural identity and political autonomy into a fictitious "latino" culture and a monstrous "latino" political entity.


Brazil has latin culture .